Comecemos com a Espanha, o que nos dá a oportunidade de fazer um mea culpa. O leitor mais atento há de se lembrar que no início de nossos trabalhos prometemos analisar os Campeonato da Espanha, Inglaterra e Itália, com cada um dos escritores deste blog ficando responsável por um deles. O leitor mais atento também deve ter percebido que não há nenhum post sobre o Campeonato Espanhol. Mas antes de atirar as pedras no tão simpático quanto preguiçoso Caio Hornstein, devemos tantar entender o que o fez não compartilhar suas impressões sobre La Liga conosco. O Espanholzão desta temporada foi chatíssimo, Barcelona e Real Madrid disputaram um campeonato paralelo (a diferença de pontos entre o Real, segundo colocado, para o Valência, terceiro, foi de 25 pontos) e deles pra baixo o nível técnico das equipes pode ser comparado com o das equipes medianas do Brasileiro; tivemos alguns fatos in teressantes como o recorde de pontos dos dois primeiros colocados, os duelos entre Cristiano Ronaldo e Messi, a briga acirrada contra o rebaixamento etc., mas isso foi muito pouco para merecer uma análise neste blog, afinal, se você ler o “o que é esse blog” ali em cima, perceberá que não nos interessa discutir sobre assuntos que podem ser encontrados da mesma forma em outros lugares e “o futebol bonito do Barça” e “os galáticos do Real” foram lugares comuns na mídia. Talvez tenhamos falhado em não trazer algo diferente sobre o Espanhol e pedimos desculpas por não cumprir algo que prometemos, achamos que foi por um princípio maior, porém.

Na Itália, a Inter deu uma lição no Real Madrid: contratações cirúrgicas sem gastar bilhões; Lúcio, Thiago Motta, Sneijder, Eto’o e Milito foram essenciais na conquista da tríplice coroa. Mourinho soube armar a equipe para cada jogo da segunda fase da Champions, apesar do time ter escorregado no Italiano e quase permitir que um título ganho ficasse com a Roma. São grandes as expectativas para ver como a equipe irá se rearranjar após a saída do treinador português, assim como para ver o que Adriano adicionará à Roma. O Milan também busca novo treinador e a grande decepção da temporada, a Juventus, procura se reerguer após sua pior campanha em 40 anos. Ao contrário do que o Felipe sabiamente nos relatou ano passado, a temporada 2010/11 tem tudo para apresentar um nível técnico mais elevado e um maior equilíbrio entre as 4 equipes citadas acima.

Modéstia à parte, eu avisei: quando todos se impressionavam com o Arsenal, eu vangloriava o Chelsea. Belíssima temporada dos Blues, com um Drogba arrasador e o melhor Lampard dos últimos anos; o primeiro ano de Ancelotti demonstrou uma equipe muito consistente e um futebol bem jogado, as conquistas da Premier League e da FA Cup provaram isso. O Inglesão 2009/10 deixou claro novamente porque a Liga Inglesa é tida como a melhor do mundo: grandes clássicos, vários craques e bons jogos até com times do meio da tabela. Ao Arsenal faltou maturidade (e futebol?) para vencer os jogos mais importantes, os Gunners, porém, mostraram ter grande capacidade de reação e persistência nos últimos jogos, os quais vários foram decididos nos últimos minutos. O Liverpool foi a grande decepção, com problemas externos e várias lesões, a má campanha acabou resultando na saída de Rafa Benítez; o Manchester United disputou o título até o fim, mas o fantasma de Cristiano Ronaldo parece se manter em Old Trafford apesar da grande temporada de Wayne Rooney; Manchester City e Tottenham fizeram uma disputa muito equilibrada pela última vaga na próxima Champions League e os Spurs conseguiram o quatro lugar com justiça, foi uma ótima temporada da equipe de Harry Redknapp que contou com grandes atuações de Gomes, Modric e Defoe.

Na França, o Olympique de Marseille foi campeão após 18 anos; na Alemanha, o Leverkusen fez o que eu e muita gente esperava dele e após liderar por várias rodadas não conseguiu nem uma vaga para a próxima Champions, o Bayern agradeceu e depois de uma bela arrancada, ficou com o Alemaozão 09/10 e com a Copa da Alemanha, além de chegar à final da UCL; em Portugal, o Benfica encheu sua equipe de sulamericanos e perdeu apenas 2 jogos; na Turquia, uma surpresa: o Bursaspor deixou os grandes para trás e levou seu primeiro título, pela primeira vez em 25 anos o campeão não foi Fenerbahçe, Galatasaray ou Besiktas; na Grécia, o Panathinaikos conquistou o décimo nono título de sua história, além de vencer também a Copa da Grécia. A grande temporada da equipe ficou clara na convocação de Otto Renhagel, técnico da seleção helênica, que chamou 8 jogadores do time de Gilberto Silva para a disputa da Copa do Mundo.

Aliás, a equipe Entretraves promete uma grande cobertura do Mundial; posts diários do que mais interessante acontecer no maior torneio de futebol do mundo. E como não é de nosso feitio ficar em cima do muro, já admitimos que torceremos para a Sérvia durante a disputa, esperando que Milos Krasic seja o grande craque da Copa. Pode nos cobrar depois.

Rodrigo Giordano